quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Então, já foi?

A geração do meu filho, hoje com 16 anos,é a primeira na minha família que definitivamente não tem o menor interesse em política e fico me vasculhando para saber se fui eu quem não soube passar para ele as boas lições que me foram dadas por meus pais ou se realmente,política partidária hoje não é sequer parecida com o que foi no meu tempo de militância e com novas regras,novos códigos,outras curvas,eu,além de história e depoimentos pessoais ,não teria mesmo o que ensinar.

 Olho em volta e, devo confessar,que tudo me parece estranho,nebuloso,talvez perdido.Brigávamos por ideias,tínhamos claro em nossas mentes o que queríamos,não nego que muito conquistamos mas sinto falta da objetividade,da certeza do certo e do errado,hoje quanto mais eu olho mais minha vista embaça,mais tudo parece misturado e critérios que nada tem a ver com ideais são usados na hora de por o voto na urna. Paixões, revanchismos e nostalgias a parte, me expliquem honestamente: Qual seria exatamente o tamanho do abismo político entre,por exemplo,Dilma e Serra?Por acaso um promoveria avanços sociais de fato e o outro não?Duvido.

Num regime presidencialista tão atrelado ao parlamento como o nosso,o fiel da balança na hora da escolha acaba sendo a bancada eleita para o congresso mas num país que elege ¨Tiririca¨o que é que isso significa? Quando elegemos o nosso Parlamentar,estamos apoiando um projeto de governo,uma história política ou só nos livrando de uma obrigação sem graça?Com certo pezar,constato que me sinto aliviada por ter podido justificar e não precisar carregar a responsabilidade da escolha.É triste mas é verdade.

Talvez tenha chegado a hora do meu filho me dar lições e me ensinar como se faz para ter este olhar displicente para com as instituições políticas que eu cresci aprendendo a defender.Talvez uma nova ordem apareça daí,talvez a sociedade civil organizada aprenda a exercer um modelo que está em voga hoje em dia,o tal do auto-sustentável,quem sabe não precisemos mais delegar a terceiros aquilo que podemos fazer, enquanto cidadãos,pela nossa rua,pelo bairro,cidade e pelo nosso país.

Talvez,tudo isso seja só devaneio e eu tenha me transformado numa dona de casa burrinha,que por estar anos luz de distância,tanto geográfica quanto emocionalmente, de onde o mundo acontece,tenha me alienado da vida e perdido o ¨jatinho¨da história. 

(publicado originalmente em 31/10/2010)

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