sexta-feira, 27 de abril de 2012

...QUE COPA É ESSA ?

Professores da USP denunciam cerceamento à liberdade de expressão na Lei Geral da Copa

Vinícius Segalla
Do UOL, em São Paulo
  • José Cruz/Agência Brasil
    Projeto da Lei Geral da Copa sofreu críticas e protestos na Câmara dos Deputados Projeto da Lei Geral da Copa sofreu críticas e protestos na Câmara dos Deputados
Os professores do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação, da USP (Universidade de São Paulo), enviaram ao Senado Federal na última quarta-feira um estudo que aponta que o projeto de Lei Geral da Copa, em tramitação no Congresso Nacional, contém normas que afrontam a liberdade de expressão e o direito de acesso à informação.

"O PROJETO POSSÍVEL"

  • Folhapress Ao apresentar seu relatório final da Lei Geral da Copa, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) afirmou que não não estava entregando o texto ideal, mas sim o "texto possível", para atender a todos que têm interesse na Copa.

    De acordo com juristas e especialistas em direito constitucional, porém, a proposta ameaça liberdade de imprensa e fere a Constituição. LEIA MAIS
De acordo com os acadêmicos, a proposta de lei, que já foi aprovada na Câmara dos Deputados e será apreciada no Senado, concede à Fifa direitos que conflitam com os da sociedade brasileira.
"Os amplos direitos de marca e de controle da captação e transmissão dos eventos concedidos à FIFA têm potencial para ser utilizados para limitar o direito de manifestação, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa assegurados pela Constituição Federal", afirma o estudo, enviado ao senador José Sarney (PMDB-AP), presidente da Casa.
Os professores apontam nove artigos do projeto de lei que conteriam problemas. Tratam-se dos dispositivos que regulam questões ligadas ao direito de marca, à comercialização de produtos e à captação de imagens, áudios e vídeos dos jogos e eventos da Copa.
Pelo projeto, a Fifa teria o direito de imprimir a restrições de acesso em um raio de até dois quilômetros de qualquer lugar que ela estabelecesse como sendo um "local de evento da Copa".
Nesses locais, apenas pessoas autorizadas pela entidade e portadoras de credenciais poderiam circular livremente. "Isso não apenas constitui uma cessão indefinida e
inespecífica de poderes à FIFA, como tem potencial muito grande para limitar o direito de manifestação, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa", afirma o estudo.
O texto da proposta também extingue o direito garantido pela Lei Pelé (9.615/1998) a todos os meios de comunicação, de registrar, e divulgar, em tempo real, até 3% dos eventos esportivos, selecionando os trechos considerados jornalisticamente relevantes. Isso porque, no projeto entregue ao Senado, será a Fifa quem selecionará os trechos, e poderá levar até duas horas para disponibilizá-los.
De acordo com o relatório dos professores, "a restrição de captação e transmissão de imagens impediria a captação e transmissão de qualquer reunião de pessoas com qualquer finalidade, inclusive, especificamente, as coletivas de imprensa, ou de qualquer atividade direta ou indiretamente relacionada com a Copa. Trata-se novamente de perigosa definição inespecífica que limita de maneira ampla e aberta a liberdade de expressão e de imprensa".
O projeto da Lei Geral da Copa será apreciado e votado pelo Senado nos próximos meses. Se for aprovado do jeito que está, seguirá para aprovação ou veto da presidente Dilma Rousseff. Já se os senadores alterarem o texto, o projeto voltará à Câmara para nova rodada de votações.

Obras da Copa

Foto 1 de 200 - Obras no Beira-Rio, em Porto Alegre (17/04/2012) Divulgação
 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O seu chão e o meu. O MARACA É NOSSO!!





 
COMITÊ POPULAR DA COPA E DAS OLIMPÍADAS DO RIO DE JANEIRO CONVOCA PARA

CAMPANHA SOBRE O MARACANÃ
Quando: Neste sábado, dia 28, às 10h.
Onde: Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro -
Av. Rio Branco 277, 17º andar – Centro
DIVULGUEM! CIRCULEM! MANDEM PARA MOVIMENTOS, ENTIDADES E ORGANIZAÇÕES!
CHAMEM AMIGOS E TORCEDORES! É NESTE SÁBADO!
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As 11 posições do Comitê Rio para Campanha Unificada sobre o Maracanã *
1 – Mau uso do dinheiro público: De 1999 a 2006, foram gastos cerca de 400 milhões de reais em reformas que prometiam deixar o Maraca pronto para a Copa de 2014. Agora decidem colocar tudo abaixo e construir um novo estádio por mais de 1 bilhão ( !!! ) , via BNDES.
2 – Privatização do Maracanã: Após as centenas de milhões das reformas, e o bilhão da reconstrução, não faz sentido um patrimônio público, de todos os cariocas, ser repassado para a iniciativa privada (Eike Batista!!), que não investiu no estádio mas está a postos para embolsar o lucro gerado por ele. O Maraca é da população e não pode ser vendido!
3 – Elitização do Maracanã: A geral, espaço tradicional de participação popular, com ingressos a preços acessíveis, já havia sido extinta. Está cada vez mais caro frequentar e assistir futebol ao vivo, o que tem afastado boa parte da população dos estádios e enriquecido as empresas de TV a cabo. Exigimos preços populares!
4 – “Europeização” do Maracanã: Sem a geral, morrem as manifestações populares bem-humoradas. Agora, botam abaixo também as arquibancadas, espaço coletivo de criação, para a construção de um Maracanã apenas com camarotes, currais “VIPs”, cadeiras numeradas e lugares marcados, inviabilizando nossas formas tradicionais de torcer, com mobilidade e liberdade dentro do estádio, coreografias, intrumentos musicais, bandeiras… Queremos respeito à nossa cultura de torcedor e exigimos a inclusão de setores populares no projeto do novo estádio!
5 – “Encolhimento” do Maracanã: Recentemente, mais de 100 mil pessoas assistiam ao jogo com segurança no estádio. Com cadeirinhas acolchoadas e lugares marcados, cai pela metade a capacidade, aumenta o preço do ingresso, e menos pessoas podem ver o jogo. Pra ver seu time, o geraldino hoje é obrigado a se espremer no boteco da esquina!
6 – Descaracterização arquitetônica do Maracanã: O estádio, que era um patrimônio histórico e cultural tombado, passou a ser um patrimônio demolido, às vistas de todos, com as bençãos do IPHAN. Sua arquitetura foi completamente descaracterizada, e a ideia é erguer uma “arena” asséptica e metida a besta. O Maracanã não pode virar shopping center!
7 – Remoção de famílias do entorno: Comunidades de baixa renda estão tendo suas casas demolidas para dar lugar a estacionamento gigantescos. Defendemos que o direito das pessoas a uma moradia adequada é um legado mais importante do que vagas para carros!
8 – Falta de Transparência e Participação Popular: Onde estão os laudos técnicos, os estudos de impacto e as plantas do projeto para o estádio? Em que mesa se decidiu a demolição da bancada e da marquise? Houve audiências públicas? Os torcedores, verdadeiros donos do Maraca, foram consultados? Onde está o balanço financeiro da SUDERJ que comprova que o Maracanã é deficitário?…
9 – Repressão ao comércio informal no entorno do estádio: Esqueça o isopor e a cervejinha antes de entrar no estádio. No “Novo Maracanã”, torcedor não bate-papo na porta do estádio, e trabalhador que tá na batalha toma madeirada no lombo e volta pra casa de mão abanando.
10 – Favorecimento explícito a grupos empresariais: Odebrecht, Andrade Gutierrez, Delta, Eike Batista… As figurinhas são sempre as mesmas: as mesmas que fornecem jatinhos, helicópteros e outros mimos para o Governador Sérgio Cabral; as mesmas que fecham contratos em todos os estádios da Copa e em outras obras de infra-estrutura; as mesmas que vão ser donas dos camarotes VIPs das “arenas”; as mesmas que financiam as campanhas dos partidos políticos mais ricos…
11 – Más condições de trabalho nas obras: Enquanto as empreiteiras enchem o cofre de dinheiro, os operários das obras do Maraca reivindicam benefícios fundamentais e melhores salários e condições de trabalho. Em 2011, os trabalhadores ficaram pelo menos 24 dias em greve.
* Todas as propostas serão debatidas coletivamente na reunião de sábado. Convidamos a todos para contribuir, debater e apresentar suas propostas.