terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Deus? !

"Divindade superior aos homens e aos gênios,com influência especial nos destinos do universo".
Esta é a definição do dicionário para deus,palavra estranha presente em todas as línguas e culturas,usada sem parcimônia por crentes e ateus toda vez que se julga necessário.
Naquele Domingo,de decisão do Mundial de Clubes,parece que o Brasil descobriu um novo sinônimo desta palavra:Barcelona.Não a cidade,encantadora por sinal,mas,o clube,o time.Deus multiplicado,não no Espírito Santo,como nos ensinaram no Catecismo,mas nos pés de de onze seres,doze porque não se deve esquecer de Guardiola,que reinventaram a bola,o jogo,o futebol. Inigualáveis,inalcançáveis,superiores aos homens e aos gênios,agora,como convém a deus,determinam o destino do universo da bola.
Deve ser maravilhoso ser deus,mas também deve ser solitário,principalmente numa partida de futebol que pressupõe dois.Quem seria o outro a jogar com o dono da bola,quem dividiria passes e dribles,de quem roubar a bola num lance delicioso, quem lhe ensinaria a derrota para lhe dar valor a vitória?
Deve ser bom ser perfeito,ter poderes extraordinários,saber o que ninguém mais se quer desconfia,mas brincar sozinho não deve ter graça.
Como numa daquelas histórias do antigo testamento,os apaixonados por futebol,no Brasil,amanheceram devastados pela ira divina,punidos com a mão de ferro da justiça celestial por suas orgias sem limites,pelo esquecimento imperdoável dos preceitos de sua fé,por fazer do ritual sagrado da bola no pé,o jogo profano dos interesses pagãos,fomos condenados a expulsão do paraíso e agora vagaremos cegos por um vale de lágrimas.
Dramático não? Este é o tom de todos os comentários,em todos os meios de comunicação,sobre o jogo de Domingo e a medida que vou ouvindo e lendo,só consigo pensar em menos,menos,menos.
Tenho um orgulho alucinado de ser filha desta terra,adoro a cara deste povo,com tudo que tem de bom e a benção da possibilidade de mudar o que tem de podre.
Há muito tempo,embora não gostemos de admitir,que o futebol brasileiro perdeu o fio da meada,se esqueceu de sua marca,de sua "grife" e vive da ilusão de que o tempo parou.
Claro que por aqui,muita coisa precisa mudar,e não só nas quatro linhas,o futebol de grandes jogadas,de dribles de entortar o adversário,de toque de bola e arrancadas inacreditáveis,precisa ser resgatado se quisermos estar de novo onde merecemos.
Futebol,por aqui,é identidade cultural,é auto estima,é talento e deve ser tratado como tal.Ter gente séria que entenda do riscado,mesmo que não seja amigo de fulano ou beltrano,enxergar as divisões de base para além do campo,ter a ciência e a tecnologia a nosso favor,entender que com conchavos e desmandos o ganho é temporário e particular,são coisas que precisam ser encaradas de frente,mas não se iluda,o que acontece com o nosso futebol não é diferente do que vemos na saúde,na educação,na cultura.Precisamos nos reencontrar com o nosso modelo em campo,mas não sem antes resgatarmos a nossa história no dia a dia,lembrarmos que esta gente não é "indolente e preguiçosa",não é indiferente nem pacífica.Somos um povo que batalha e se supera todos os dias,que diz mais sim do que não e que sabe brincar com a seriedade da criança que entende a importância da alegria.
Barcelona não é deus,o que tem ali é trabalho,dedicaçaõ, visão de futuro e,claro,grana,não são coisas assim tão difíceis de conseguirmos se quisermos e não só no futebol.
Então,minha gente,alô alô,chega de chororô e reverência e mãos a obra!

sábado, 17 de dezembro de 2011

" O Que É Isso Companheiro?"

Hoje é Sábado e apezar de Vinícius,é um dia que não acho graça,sei lá,parece meio oco,se estiver nublado então,fico me sentindo "desplugada".Vou ler um livro, fazer uma faxina ou ver um filme e neste Sábado, o filme foi minha escolha.
"O Que É Isso Companheiro" de Bruno Barreto,já vi um milhão de vezes mas é sempre um bom filme e me faz pensar na minha história,dos meus pais,do meu país.
Toda vez que revisito este pedaço do passado ,sou inundada de sentimentos conflitantes.Uma certa nostalgia,uma tristeza profunda,uma sensação de inutilidade.Quase no final do filme um personagem vira para o outro e diz:"-Foi um sonho que não deu certo,ninguém quer ouvir o que temos a dizer." Será?
Será que não deu certo ou plantamos mas esquecemos de cuidar?
Será que não queriam nos ouvir ou só não entendiam e deixamos para lá?
Será que fizemos o melhor que podíamos ou só o que pensávamos poder?
Vivemos na tão sonhada democracia,elegemos nossos representantes,temos no mais alto cargo político uma mulher que pegou em armas para defender a liberdade,falamos livremente e isso não é pouco,aliás era o que queríamos ou não?
E aí,e agora,o que fazemos com tudo que conquistamos? Nos deitamos em berço esplendido vivendo das glórias de um passado que se amarela na fotografia?
Fico olhando a minha volta e me perguntando onde foi que chegamos e o que é pior,para onde estamos indo?
Com o que se sonha hoje? Quais são as bandeiras,os ideais?
Olho o congresso,,olho o povo que vota ,olho a "estirpe" de quem decide nossas leis,olho para as famílias e para seus filhos tão malucos,olho as páginas dos jornais e não entendo o que aconteceu,para onde foram todos?
Foi por isso que morremos tantos? Que desaparecemos muitos?
Não honramos quem caiu,não reverenciamos que resistiu,não fomos capazes de perpetuar a luta,criamos nosso próprio exílio e nos esquecemos de tudo,nos esvasiamos,nos abandonamos e demos de ombros. Largamos a história pela metade e é por isso que agora te pergunto: - Afinal,o que é isso companheiro?



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

De Goleada

Quando o ano de 2009 se iniciou,toda a nação Cruz Maltina se unia numa corrente de fé e força para brigar junto com o time pela volta para a 1ª divisão do Brasileiro.
Muitos foram os artífices daquela caminhada mas três mosqueteiros apareciam na linha de frente de todas as batalhas.Roberto Dinamite,Rodrigo Caetano e Dorival Junior,foram ao longo do ano esculpindo cada vitória,recuperando o Vasco que todos queríamos ver brilhar novamente.
Com a volta para o lugar de onde nunca deveria ter saído,o Vasco,campeão da Série B,retoma sua estrada mas sofre a primeira baixa.
Dorival se despede do time e da torcida,as razões foram várias mas uma em especial,voltaria,mais tarde a machucar o clube.
O ano de 2010,foi de equilibrar-se novamente,de agarrar as chances que se apresentavam mas sem dar passos maiores que as pernas.
Quando 2011 começou,parecia que o pesadelo iria recomeçar,um Estadual horroroso,sob o comando de P.C.Gusmão,que teve seus méritos no ano anterior,um bate boca sem fim nos vestiários,e a torcida apavorada ante a ameaça de cair para a segundona no Rio.
Chegou Ricardo Gomes,e novos reforços e o resto desta história nós já conhecemos,até ontem.
Dos três que moldavam este novo e apaixonante Vasco,Roberto e Rodrigo foram os que ficaram mas a situação já não era tão boa.
Rodrigo Caetano é um profissional exemplar,honesto,competente,apaixonado por suas idéias e que veste a camisa sem medo ou restrições mas quer ser ouvido,principalmente quando é óbvio que tem razão.
As mazelas das divisões de base do Vasco já tinham sido a causa de desavenças entre diretoria e Dorival e ajudou na sua decisão de sair do clube,novamente apareceram durante o ano de 2010 ,agora com Rodrigo querendo ver mais seriedade nesta área tão importante para o crescimento do clube.Esta situação foi sendo empurrada para diante até que ontem "o dia deu em chuvoso" e Rodrigo pediu o boné.
É nessas horas que o amadorismo dos dirigentes brasileiros fica evidente,perder Rodrigo é como levar de goleada jogando muito mal,é como perder o campeonato num frango inacreditável.
Não há nada que explique o Vasco não ter feito das tripas coração para manter aquele que foi,sem medo de exageros,um dos maiores responsáveis por esta nova cara do Vasco, que tem encantado até quem sempre teve a rivalidade acima da razão.
De vela acesa o Vasco vai agora,procurar agulha no palheiro,claro que ninguém é insubstituível,que existem outros profissionais competentes no mercado mas o que o clube tinha era algo além disso e o que ele queria para o Vasco também.
Perdeu o Vasco,perdeu a torcida e,principalmente,perdeu Roberto que demonstrou,infelizmente,não estar,como parecia,acima da média da mediocridade dos nossos dirigentes.
O ano de 2011 para o Gigante da Colina,foi maravilhoso mas termina de forma triste e vergonhosa. Que pena!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Adeus


Dorme em paz menino grande,
dorme que as estrelas velam por ti.
Dorme,que enquanto sonhas com o
drible perfeito,o calcanhar de efeito,
nós,torcedores de todos os Brasis,
de todas as camisas e cores
reverenciamos a passagem de um Rei encantado,
que encheu cada Estádio de alegrias imensas,
de orgulhos sem par.
Dorme tranquilo e seguro
porque mesmo depois de
muito o tempo caminhar,
teus feitos ainda serão contados,
em cada roda de amigos,
em cada mesa de bar.
Adeus Sócrates e muito obrigada.
                                                   
                                  Um Bilhete para Casagrande
                     

Futebol,samba e política sempre fizeram parte da minha existência,culpa de meus pais,intelectuais desgarrados da soberba da cultura que teimavam em se meter em tudo que tivesse haver com quem não conseguia alimentar nem a alma nem a barriga.
Desse jeito meio torto,mesmo sendo “ópio do povo”,lá em casa não se perdia nem um jogo,no radinho ou no Maraca,podia contar,de bandeira na mão,todo Domingo era dia de decisão.
Eu,moleca,hiponga anacrônica,de biquíni de crochê na marola das “dunas do barato”,seguia os passos de meus pais.
Uma palavra de ordem,uma batucada,um grito de gol mas sem entender que tudo era uma coisa só.
Até que,vejam vocês,logo de São Paulo,terra de garoas e gravatas,dois cabeludos na praça começam a dizer que futebol não é só bola no pé,não é coisa de “mané”,que futebol tem atitude,latitude e longitude da voz de um povo oprimido,que futebol é mais que gol,é mais que samba,futebol é DEMOCRACIA.
Aí,meu irmão,foi uma festa e futebol que já era paixão,virou contentamento e alegria.
Sócrates foi quem me deu esta lição e não há como mensurar o tamanho da minha gratidão.Casagrande era meu espelho,também moleque,olhava vidrado o ídolo encantado,seguia ao lado daquele Dom Quixote errante de corpo fora de esquadro mas mui elegante. Onde um bradava,o outro também estava e assim caminharam por muitas conquistas,que não foram só deles,as batalhas que venciam e as que perdiam,futebolísticas ou políticas eram também minhas.
Para quem olhava de fora,eram duas pessoas diferentes mas um era o outro e o outro era o um.
Ninguém partiu,ninguém ficou,estamos todos ainda lá.No palanque,no campo,no gol,viveremos para sempre.
Então,Casão,não se desfaça da parte que te cabe,ela é todo,amigo,não metade.

Mais Um Fim De Novo

Alô Alô minha gente,quanto tempo sem escrever! Mais um ano está terminando e mais uma vez nos despedimos de outro Brasileirão.
Foi sem dúvida o ano do Vasco,que com uma brilhante trajetória mostrou o verdadeiro significado da palavra superação. Começou o ano com um 1º turno de Carioca,dando aos Vascaínos a certeza de que as chances de cair para a segundona do Estadual eram grandes e que o time trilharia,talvez,um caminho mais tortuoso do que o de 2008/2009,quando caiu e amargou a 2ª divisão do Brasileiro.
Saiu P.C.Gusmão,Carlos Alberto foi afastado depois de uma confusão dos diabos e com a chegada de Ricardo Gomes e Cristóvão Bastos e alguns bons reforços o time engrenou.
Campeão da Copa do Brasil,já estava com vaga na Libertadores mas nem por isso deixou de brigar pelo Brasileiro,nem pela Sul Americana.Ficou sem nenhum dos dois mas  a torcida,os jogadores e comissão técnica tiveram gosto e o orgulho de ser Vascaíno restaurados.
Capitão desta enorme batalha,Ricardo Gomes,num Domingo de Vasco e Flamengo,com o Engenhão lotado,prega um susto apavorante em todos,sofre um AVC no meio do jogo e pelo resto do ano lutou,assim como o clube que comandava,para se manter vivo.
Ricardo está ótimo,sem sequelas e logo que sua recuperação permitiu,voltou a ter contato com o elenco,por telefone,no princípio,e pessoalmente indo na concentração,conversando e dando apoio a todos. Virou o talismã dos jogadores e da torcida que todo jogo o homenageava.
Sob o comando do auxiliar Cristóvão,o Vasco segui sua caminhada e fez um Brasileiro brilhante,apesar de ter terminado como vice e na Sul Americana também fez bonito.
Foi,para o Vasco,um ano de plantar,tomara que 2012,2013,2014,... sejam anos de colheita fértil.
Ao campeão Coríntias,coube o futebol mais regular,que não convencia mas vencia,que teve o mérito de se manter firme,mesmo com as pressões da torcida depois da eliminação na Libertadores e quando,no início do 2º turno perdeu alguns pontos importantes.
Agora é curtir as festas de fim de ano e esperar o início dos Estaduais,até lá sofreremos todos,mais uma vez,de enorme abstinência,sem nem um joguinho no fim de semana.