quarta-feira, 30 de março de 2011

¨Se Oriente Rapaz ¨

Alô Alô Minha Gente! Alô Alô que o sol finalmente saiu e a nêga tá doida pra desabafar! 



Desde a última vez que me sentei aqui para falar,especificamente do que acontece dentro das 4 linhas,muita coisa aconteceu. O Fluminense desandou o doce e Muricy pediu o boné,alegando falta de condições para trabalhar,já que com gramados esburacados,vestiários enfestados de ratos e departamento médico mal equipado,seus jogadores sofriam,ele não conseguia extrair do elenco o que precisava e,consequentemente,não ganhava os jogos. Sendo assim,ficando claro que a prioridade da nova diretoria eram as categorias de base e não o profissional,ele achou melhor puxar o carro.

Outro que também começou a se desmilinguir foi o Botafogo e ¨papai Joel¨,magoado com a torcida e,certamente,com as críticas de alguns jogadores,foi cantar noutro terreiro.

O Vasco,por outro lado,com a chegada de Ricardo Gomes e de alguns reforços,parece estar encontrando o caminho do gol.

Já o Flamengo,está garantido no 2º turno do Carioca,continua invicto mas não tem ganho nem um joguinho se quer. Não tem centro avante,está com um meio campo confuso e o ¨Profexor¨ ... ,é uma ingognita sem o apoio da torcida.

No meio de tudo isso,Rogério Ceni marca seu centésimo gol, Luís Fabiano é apresentado no São Paulo e a novela da volta de Adriano,depois de muita polêmica,acaba com ele indo para o Parque São Jorge.


Acontece,minha gente,que de todas essas notícias,nada me chocou mais do que uma que eu li ontem no site da ESPN.Um menino,de 15 anos,jogador da base do Santos,foi renegociar seu contrato,pedindo valores estratosféricos e luvas de campeão mundial.O contrato,deste menino de 15 anos,cuja tentativa de renegociação,gerou a notícia,já era de 25 mil reais por mês.

Quando eu li este valor,sinceramente,achei que tinha visto errado,me confundido com a vírgula,porque não era possível que um imberbe,na categoria de base,ganhasse um salário desta monta. O que,na vida deste menino,justifica um salário desses? Mesmo que ele seja fenomenal,uma mistura de Messi com Maradona,Pelé e Garrincha,ainda assim,isso para mim é uma completa aberração,uma inversão de valores alucinada. Quer dizer,a família que tem a sorte de ter um moleque bom de bola e que consegue passar numa peneira,vai vampirizar a criança vivendo as suas custas? De onde eu venho,o nome disso é exploração de menor e existe lei federal  que pune este tipo de conduta.

Sou absolutamente a favor de que os clubes invistam em suas categorias de base,que blindem seus pequenos genios,que forneçam a ajuda necessária às suas famílias mas dentro do limite do razoável,25 mil reais por mês é ridículo,ninguém ,salvo doenças graves ou coisa que o valha,precisa deste dinheiro todo para se manter.

Enfim,no meio de tanta insanidade que acontece neste universo duvidoso do futebol sem bola,esta parece ser só mais uma,entretanto ,é bom que fique claro,que não se passa no triturador de lixo os valores de um cidadão em formação,sem que isso cobre,mais tarde,um preço muito alto. Só que aí,que diferença faz se o moleque cresceu torto não é mesmo,todo mundo já tirou uma casquinha ?!

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Traição com Fogo.

Alô Alô Minha Gente! Alô Alô que a nêga hoje acordou com vontade de contar histórias!

O ano era 1989 e tudo estava bem,a vida era boa,a cidade maravilhosa,os dias ensolarados e minha alma e meu coração completamente preenchidos pelo grande amor que desde sempre fora meu. Num dado momento,no início daquele ano,entretanto,algo mudou e deslocou meu eixo.

No começo,tudo foi acontecendo muito devagar,só um leve perceber,quase uma sombra sentida pelo canto do olho mas mesmo assim,com uma força extraordinária. No momento seguinte,como se regido por uma ordem universal misteriosa,onde quer que eu fosse,com quem quer que eu falasse,o nome dele surgia e antes que eu me desse conta, já havia sido engolida por aquela incompreensível paixão.
Não me pergunte porque eu estando feliz aonde estava,satisfeita e plena,me deixei arrastar mas o fato é que me deixei e mergulhei inteira naquele ilícito desejo. Não sei se foi o seu porte altivo e orgulhoso de si ou sua generosidade ou ainda aquela tristeza que eu sentia no fundo dos seus olhos,fruto dos tropeços  e decepções que havia passado,seja por que motivo for,começava ali a minha tórrida história de traição.

Durante aquele ano,às vezes no meio e sempre nos finais de semana com o cair da tarde,nós nos encontrávamos e a cada encontro era como se o mundo tivesse acabado de ser criado e todas aquelas emoções que eu sentia ainda não possuíssem nome,eu era Catherine na pele da ¨Belle de Jour¨.
Logo eu já não me preocupava mais em esconder,gritava para quem quisesse ouvir,o vulcão que em mim eclodia,abusadamente deixava transparecer em cada poro o prazer que me tomava.

A família estupefada,já não falava mais nada,principalmente meu pai,tão certo da minha vida certa,olhava aquilo tudo como se fosse um episódio de ¨Além da Imaginação¨.
Cada vez mais aquela loucura se enfronhava pelas esquinas da minha alma,revelando ruas e becos que eu desconhecia em mim. Cada vez mais cada grito,cada gemido se tornava mais intenso e único.

Assim o ano foi transcorrendo,num turbilhão de emoções embora conhecidas,completamente novas mas como tudo tem um fim,o ano foi-se indo e com ele aquela febre. Como num passe de mágica ou como se eu acordasse de um sonho profundo e estranho,com o fim de 1989,tudo aquilo passou.Tudo voltou exatamente para onde estava antes da montanha russa da minha loucura se por à funcionar.

Quando 1990 começou,eu estava bem,a cidade era maravilhosa,os dias ensolarados e minha alma e meu coração ,novamente calmos,estavam preenchidos pelo grande amor que havia sido meu desde sempre.
Daquilo tudo ficou um olhar diferente sobre a possibilidade de possibilidades,um enorme carinho por aquele que se fez meu amante de maneira tão inquestionável e a certeza de que estou realmente aonde e com quem quero estar.

Esta é a história de quando eu traí o Gigante da Colina com a Estrela Solitária.
Não foi por interesse,porque tudo começou antes do Campeonato vencido e no ano seguinte,amarguei e paguei o meu quinhão. Foi paixão genuína, foi Maleita.

Porque fui me lembrar desta história tanto tempo depois? Não sei,talvez porque adore ¨papai Joel¨ e tanto sua vinda para o Botafogo quanto sua saída,tenham sido pontuadas pela presença do Vasco.Talvez só porque eu esteja ficando velha e goste de revisitar o passado.
 

sexta-feira, 18 de março de 2011

¨Domingo eu vou ao Maracanã ¨....

Alô Alô Minha Gente! Alô Alô que a nêga tá doida,embriagada pela nostalgia de um tempo que para sempre ficará preso num passado impossível de ser revivido além das lembranças.
Como de costume,levantei-me cedo e logo fui cuidar da vida. Casa para arrumar,canis para limpar,quintais para varrer e em seguida dar uma espiada nas últimas notícias. Foi aí que deparei-me com a foto das obras no Maracanã e fui invadida por uma tristeza sem fim.

Não quero entrar no mérito de questões já tratadas pela parte séria da imprensa esportiva,a sangria de dinheiro público,a falta de explicações lógicas para a construçaõ de estádios onde eles não são necessários e vai por aí a fora,meu questionamento aqui é outro.
Fico cá divagando e tentando entender para onde irão os torcedores,quando todos estes estádios,entupidos de uma modernidade piracotécnica,ficarem prontos. Entendo que os campos precisem de uma drenagem melhor,de uma cobertura maior para que o torcedor não morra de pneumonia ao assistir jogo em dia de chuva,talvez até uma purpurina,cadeiras confortáveis,vestiários bonitinhos mas e o preço disso tudo? Se hoje,sem nada disso o ingresso para ver seu time já é uma fortuna,imagine quando Domingo no Maraca for igual a noite de gala?

Me lembro a primeira vez que fui ao Maracanã,atracada à mão de meu pai,com o coração na boca estupefada com toda aquela gente,todo aquele burburinho,a almofadinha do meu time debaixo do braço,caminhamos pelo corredor até entrarmos no túnel que dava acesso as arquibancadas e de repente aquele imenso mar verde surgiu na minha frente. Foi a coisa mais linda que já vi na minha vida.
Completamente tomada por uma emoção indescritivel,procuramos um lugar no meio da torcida. A batucada,as bandeiras,a Geral lotada de todo o tipo de gente,alguns fantasiados,todos correndo para lá e para cá,fogos de artificio,o nome dos jogadores gritados em uníssono,água,cachorro quente,mate mariola(ai que vontade de comer mariola!).
O jogo começa e eu sem conseguir decidir para onde olhar,se para o campo,para a trave do gol,o juiz,(era assim que se chamava),a bola,a torcida,ou se olhava para meu pai que parecia envolto numa aura de mistério,cidadão de um mundo a parte,o mundo dos apaixonados por futebol,pela magia de estar lá,vendo seu time em campo,lutando junto com eles em busca da vitória,como se cada lance fosse o mais importante ,o último e dele dependesse a vida de cada um de nós.

Embora desde sempre o futebol,através de meu pai,tenha feito parte da minha vida,daquele dia em diante a paixão por este esporte me ganhou por completo mas se essa cena fosse transportada para os dias de hoje,ela não teria acontecido,meu pai jamais teria dinheiro para me levar aquele jogo e eu não seria quem sou,não teria essa lembrança que determinou parte da minha história. E é aí que eu me pergunto,quantos pais não podem levar seus filhos aos estádios porque o preço é proibitivo? Não podem hoje e certamente não poderão leva-los amanhã. A Geral já não existe,as arquibancadas sumiram e os ingressos sobem mais a cada dia.A destruição do Maracanã,(sim porque o Maraca acabou,foi posto abaixo.),leva consigo um pedaço de cada Carioca, da nossa alma,da nossa identidade.

É uma pena que queiram extirpar dos estádios quem realmente faz do futebol,do espetáculo,a maravilha que ele é. Pra quem pode,sobram as tvs pagas ou o nosso bom e velho radinho que também embalou meu sono por muitos Domingos na infância mas esta é outra história. 

sábado, 5 de março de 2011

Na Passarela do Caledoscópio

Alô Alô Minha Gente,Alô Alô que é Sábado de Carnaval!.... Mas aqui aonde eu moro,está chovendo sem parar e fazendo tanto frio que não dá vontade de por nem o nariz na rua então,Internet para que te quero.
Passeio pelos sites que costumo frequentar,me aventuro por outros,entro aqui,saio acolá e lá pelas tantas o título de uma coluna me chama a atenção,me ponho a ler e a cada parágrafo lido meu queixo se deixa levar mais e mais  pela força da gravidade.
A dona da coluna,uma jornalista bonita e com um texto bem escrito,tentava fazer um paralelo entre a visita da presidenta Dilma à Ana Maria Braga e a escolha de Sandy para fazer o comercial de uma marca de cerveja.
Ao longo do texto,a jornalista deixava claro o seu inconformismo com a petulância de Dilma em querer se mostrar como uma mulher normal,capaz de falar sobre batons,cozinhar omeletes e sentir falta de ninar o neto. Mais dificuldade ainda, sentia a moça em aceitar a Sandy de cabelos loiros,a boca pintada de vermelho,lambendo os beiços com cara de sexy num anuncio da famigerada cerveja.

Num outro momento,encontro o depoimento de Toninho Cerezo,que se viu obrigado a vir a público declarar seu amor por seu filho/filha, diante da enxurrada de pontos de interrogação lançados pela imprensa,depois que a maravilhosa Léa T ,se tornou conhecida em terras tupiniquins.

Lembrei-me então de um texto do jornalista Lúcio de Castro, que li faz pouco tempo, e é mesmo lamentável ,como ele ressaltou,que tenhamos perdido,(se é que algum dia tivemos),a capacidade de olhar o todo,de perceber o que está além do óbvio,que gostemos tanto de etiquetas classificatórias.
Porque será que o que foge do padrão nos assusta tanto? Temos paúra do que não compreendemos no outro ou do que isto causa a nós e ao nosso universo pequenininho e arrumadinho?

Somos todos imensas colchas de retalho,cada um de uma cor, cada um com um desenho diferente e pobre daquele que não se acha capaz de ousar,de mudar, de transgredir.Que se pensa estagnado,presa de uma fôrma segura onde tudo é preto ou branco,certo ou errado,claro ou escuro.
Porque a Sandy não pode ser puta e santa? Ou a Dilma,sargentão e doce vovozinha ? Ou Léa T, homem e mulher? Porque? Ou será que podem desde que de foma recolhida,dentro de seus lares e bem longe das vistas de um público que não quer se sentir ameaçado pela ousadia e desprendimento alheio? Que não admite que a segurança de seus saberes embolorados seja chacoalhada por quem não aceita rótulos,por quem pode ser livre?


Este filme,onde somos todos forçados a vivermos,por força de costumes arcaicos ou crenças equivocadas,dentro de lindas caixinhas douradas,dizendo amém para qualquer idiotice que nos empurrem goela abaixo,eu já vi e o final,minha gente,não é nada bonito.

Respeitemos o sagrado espaço da diferença e mil vivas as Leas,Dilmas Sandys,Marias,Cássias,Brunas,Rogerias e aos Leandros, Toninhos,Lúcios,Chicos,Adrianos, Renatos, todos juntos e misturados,formando uma enorme explosão de cores sem regras nem padrões,sem nomes nem sexo,só gente,criativa,inteligente,multifacetada e inteira em cada parte .