sexta-feira, 18 de março de 2011

¨Domingo eu vou ao Maracanã ¨....

Alô Alô Minha Gente! Alô Alô que a nêga tá doida,embriagada pela nostalgia de um tempo que para sempre ficará preso num passado impossível de ser revivido além das lembranças.
Como de costume,levantei-me cedo e logo fui cuidar da vida. Casa para arrumar,canis para limpar,quintais para varrer e em seguida dar uma espiada nas últimas notícias. Foi aí que deparei-me com a foto das obras no Maracanã e fui invadida por uma tristeza sem fim.

Não quero entrar no mérito de questões já tratadas pela parte séria da imprensa esportiva,a sangria de dinheiro público,a falta de explicações lógicas para a construçaõ de estádios onde eles não são necessários e vai por aí a fora,meu questionamento aqui é outro.
Fico cá divagando e tentando entender para onde irão os torcedores,quando todos estes estádios,entupidos de uma modernidade piracotécnica,ficarem prontos. Entendo que os campos precisem de uma drenagem melhor,de uma cobertura maior para que o torcedor não morra de pneumonia ao assistir jogo em dia de chuva,talvez até uma purpurina,cadeiras confortáveis,vestiários bonitinhos mas e o preço disso tudo? Se hoje,sem nada disso o ingresso para ver seu time já é uma fortuna,imagine quando Domingo no Maraca for igual a noite de gala?

Me lembro a primeira vez que fui ao Maracanã,atracada à mão de meu pai,com o coração na boca estupefada com toda aquela gente,todo aquele burburinho,a almofadinha do meu time debaixo do braço,caminhamos pelo corredor até entrarmos no túnel que dava acesso as arquibancadas e de repente aquele imenso mar verde surgiu na minha frente. Foi a coisa mais linda que já vi na minha vida.
Completamente tomada por uma emoção indescritivel,procuramos um lugar no meio da torcida. A batucada,as bandeiras,a Geral lotada de todo o tipo de gente,alguns fantasiados,todos correndo para lá e para cá,fogos de artificio,o nome dos jogadores gritados em uníssono,água,cachorro quente,mate mariola(ai que vontade de comer mariola!).
O jogo começa e eu sem conseguir decidir para onde olhar,se para o campo,para a trave do gol,o juiz,(era assim que se chamava),a bola,a torcida,ou se olhava para meu pai que parecia envolto numa aura de mistério,cidadão de um mundo a parte,o mundo dos apaixonados por futebol,pela magia de estar lá,vendo seu time em campo,lutando junto com eles em busca da vitória,como se cada lance fosse o mais importante ,o último e dele dependesse a vida de cada um de nós.

Embora desde sempre o futebol,através de meu pai,tenha feito parte da minha vida,daquele dia em diante a paixão por este esporte me ganhou por completo mas se essa cena fosse transportada para os dias de hoje,ela não teria acontecido,meu pai jamais teria dinheiro para me levar aquele jogo e eu não seria quem sou,não teria essa lembrança que determinou parte da minha história. E é aí que eu me pergunto,quantos pais não podem levar seus filhos aos estádios porque o preço é proibitivo? Não podem hoje e certamente não poderão leva-los amanhã. A Geral já não existe,as arquibancadas sumiram e os ingressos sobem mais a cada dia.A destruição do Maracanã,(sim porque o Maraca acabou,foi posto abaixo.),leva consigo um pedaço de cada Carioca, da nossa alma,da nossa identidade.

É uma pena que queiram extirpar dos estádios quem realmente faz do futebol,do espetáculo,a maravilha que ele é. Pra quem pode,sobram as tvs pagas ou o nosso bom e velho radinho que também embalou meu sono por muitos Domingos na infância mas esta é outra história. 

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