quarta-feira, 23 de março de 2011

A Traição com Fogo.

Alô Alô Minha Gente! Alô Alô que a nêga hoje acordou com vontade de contar histórias!

O ano era 1989 e tudo estava bem,a vida era boa,a cidade maravilhosa,os dias ensolarados e minha alma e meu coração completamente preenchidos pelo grande amor que desde sempre fora meu. Num dado momento,no início daquele ano,entretanto,algo mudou e deslocou meu eixo.

No começo,tudo foi acontecendo muito devagar,só um leve perceber,quase uma sombra sentida pelo canto do olho mas mesmo assim,com uma força extraordinária. No momento seguinte,como se regido por uma ordem universal misteriosa,onde quer que eu fosse,com quem quer que eu falasse,o nome dele surgia e antes que eu me desse conta, já havia sido engolida por aquela incompreensível paixão.
Não me pergunte porque eu estando feliz aonde estava,satisfeita e plena,me deixei arrastar mas o fato é que me deixei e mergulhei inteira naquele ilícito desejo. Não sei se foi o seu porte altivo e orgulhoso de si ou sua generosidade ou ainda aquela tristeza que eu sentia no fundo dos seus olhos,fruto dos tropeços  e decepções que havia passado,seja por que motivo for,começava ali a minha tórrida história de traição.

Durante aquele ano,às vezes no meio e sempre nos finais de semana com o cair da tarde,nós nos encontrávamos e a cada encontro era como se o mundo tivesse acabado de ser criado e todas aquelas emoções que eu sentia ainda não possuíssem nome,eu era Catherine na pele da ¨Belle de Jour¨.
Logo eu já não me preocupava mais em esconder,gritava para quem quisesse ouvir,o vulcão que em mim eclodia,abusadamente deixava transparecer em cada poro o prazer que me tomava.

A família estupefada,já não falava mais nada,principalmente meu pai,tão certo da minha vida certa,olhava aquilo tudo como se fosse um episódio de ¨Além da Imaginação¨.
Cada vez mais aquela loucura se enfronhava pelas esquinas da minha alma,revelando ruas e becos que eu desconhecia em mim. Cada vez mais cada grito,cada gemido se tornava mais intenso e único.

Assim o ano foi transcorrendo,num turbilhão de emoções embora conhecidas,completamente novas mas como tudo tem um fim,o ano foi-se indo e com ele aquela febre. Como num passe de mágica ou como se eu acordasse de um sonho profundo e estranho,com o fim de 1989,tudo aquilo passou.Tudo voltou exatamente para onde estava antes da montanha russa da minha loucura se por à funcionar.

Quando 1990 começou,eu estava bem,a cidade era maravilhosa,os dias ensolarados e minha alma e meu coração ,novamente calmos,estavam preenchidos pelo grande amor que havia sido meu desde sempre.
Daquilo tudo ficou um olhar diferente sobre a possibilidade de possibilidades,um enorme carinho por aquele que se fez meu amante de maneira tão inquestionável e a certeza de que estou realmente aonde e com quem quero estar.

Esta é a história de quando eu traí o Gigante da Colina com a Estrela Solitária.
Não foi por interesse,porque tudo começou antes do Campeonato vencido e no ano seguinte,amarguei e paguei o meu quinhão. Foi paixão genuína, foi Maleita.

Porque fui me lembrar desta história tanto tempo depois? Não sei,talvez porque adore ¨papai Joel¨ e tanto sua vinda para o Botafogo quanto sua saída,tenham sido pontuadas pela presença do Vasco.Talvez só porque eu esteja ficando velha e goste de revisitar o passado.
 

Um comentário:

  1. Amei... não que esse tipo de paixão me mova, porque nunca moveu, sequer um milímetro, nem pra trás, nem pros lados, que dirá pra frente. Mas amei o jeito de contar! :)

    Adriana Almeida

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