segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Adeus


Dorme em paz menino grande,
dorme que as estrelas velam por ti.
Dorme,que enquanto sonhas com o
drible perfeito,o calcanhar de efeito,
nós,torcedores de todos os Brasis,
de todas as camisas e cores
reverenciamos a passagem de um Rei encantado,
que encheu cada Estádio de alegrias imensas,
de orgulhos sem par.
Dorme tranquilo e seguro
porque mesmo depois de
muito o tempo caminhar,
teus feitos ainda serão contados,
em cada roda de amigos,
em cada mesa de bar.
Adeus Sócrates e muito obrigada.
                                                   
                                  Um Bilhete para Casagrande
                     

Futebol,samba e política sempre fizeram parte da minha existência,culpa de meus pais,intelectuais desgarrados da soberba da cultura que teimavam em se meter em tudo que tivesse haver com quem não conseguia alimentar nem a alma nem a barriga.
Desse jeito meio torto,mesmo sendo “ópio do povo”,lá em casa não se perdia nem um jogo,no radinho ou no Maraca,podia contar,de bandeira na mão,todo Domingo era dia de decisão.
Eu,moleca,hiponga anacrônica,de biquíni de crochê na marola das “dunas do barato”,seguia os passos de meus pais.
Uma palavra de ordem,uma batucada,um grito de gol mas sem entender que tudo era uma coisa só.
Até que,vejam vocês,logo de São Paulo,terra de garoas e gravatas,dois cabeludos na praça começam a dizer que futebol não é só bola no pé,não é coisa de “mané”,que futebol tem atitude,latitude e longitude da voz de um povo oprimido,que futebol é mais que gol,é mais que samba,futebol é DEMOCRACIA.
Aí,meu irmão,foi uma festa e futebol que já era paixão,virou contentamento e alegria.
Sócrates foi quem me deu esta lição e não há como mensurar o tamanho da minha gratidão.Casagrande era meu espelho,também moleque,olhava vidrado o ídolo encantado,seguia ao lado daquele Dom Quixote errante de corpo fora de esquadro mas mui elegante. Onde um bradava,o outro também estava e assim caminharam por muitas conquistas,que não foram só deles,as batalhas que venciam e as que perdiam,futebolísticas ou políticas eram também minhas.
Para quem olhava de fora,eram duas pessoas diferentes mas um era o outro e o outro era o um.
Ninguém partiu,ninguém ficou,estamos todos ainda lá.No palanque,no campo,no gol,viveremos para sempre.
Então,Casão,não se desfaça da parte que te cabe,ela é todo,amigo,não metade.

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