sexta-feira, 1 de junho de 2012

EM DEFESA DO PATRIMÔNIO

Manifestantes planejam apitaço na porta do edifício do governador Sérgio Cabral, no Leblon
Em meio a escândalos sobre a íntima relação que mantém com empresários do Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral terá que enfrentar mais um problema: a mobilização de torcedores contra a privatização do Maracanã. Um protesto marcado para este domingo, em Ipanema, promete atrair centenas de pessoas que querem, além de impedir a concessão para a iniciativa privada, a garantia de setores populares no estádio e o respeito à forma de torcer do brasileiro. Os torcedores prometem fazer barulho em frente à casa de Cabral, na Av. Delfim Moreira, no Leblon, ao mesmo tempo que a Seleção Brasileira enfrenta o México em Dallas, nos EUA.
O protesto é organizado pela campanha ‘O Maraca é Nosso!’, que reúne torcedores de vários times. “Vamos levar uma faixa de cada um dos quatro grandes clubes do Rio, simbolizando a união de todas as torcidas por um Maracanã público”, diz João Hermínio Marques, da Frente Nacional dos Torcedores, um dos grupos que integra a campanha. “É inaceitável que o Estado arque com as despesas e depois entregue o estádio, que é um bem de todos, para a exploração lucrativa de grupos financiadores de campanhas políticas”, disse o torcedor.
Ligações perigosas

Em abril, a Delta Construções, do empresário Fernando Cavendish, amigo pessoal de Cabral, deixou o consórcio responsável pelas obras após denúncias de envolvimento nos esquemas de corrupção do banqueiro Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal. No mesmo mês, a empresa IMX, de Eike Batista, foi a única a apresentar estudo de viabilidade econômica para assumir o controle do estádio. Dados do TRE confirmam que Eike Batista doou 750 mil à campanha de Sergio Cabral ao governo do estado, em 2010; segundo o jornal Folha de S. Paulo, o empresário anunciou ainda a doação de cerca de 139 milhões a projetos de interesse de Cabral.

Os manifestantes acusam governantes de mau uso do dinheiro público. Em 1999 foram gastos o equivalente a R$ 237 milhões na reforma para o Mundial de Clubes da FIFA; para o Pan de 2007, com a promessa de deixar o estádio pronto pra Copa, foram mais R$ 397 milhões. “Botar o estádio abaixo e gastar mais de R$ 1 bilhão na reconstrução é o mesmo que jogar nosso dinheiro no lixo”, afirma Gustavo Mehl, do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas, lembrando que nos últimos oito anos o estádio esteve mais tempo parado do que em atividade. Matéria recente da Folha revelou que o Maracanã ainda terá que passar por uma reforma após a Copa para adaptá-lo às exigências do COI para os jogos olímpicos de 2016.
1950 X 2014
Segundo Gustavo, as cerca de 203 mil pessoas que viram a final da Copa 1950 representavam  o equivalente a 8,5% da população do Rio na época. “Construímos um estádio feito para a população, onde a Geral e a Arquibancada, setores de preço acessível, totalizavam 80% do estádio”, disse o torcedor, atacando o que chamou de “perfil elitista e restritivo” do novo Maracanã e defendendo a inclusão de setores populares no projeto. “Hoje estão construindo um estádio encolhido, para turista, com padrões europeus que inviabilizam a participação popular, a festa das arquibancadas e a nossa forma tradicional de torcer”, concluiu.
João Hermínio caracteriza a reconstrução do Maracanã, que é tombado pelo IPHAN desde 2000, como ‘assassinato cultural’: “O próprio Conselho Consultivo do IPHAN afirmou recentemente que a reforma foi um crime. Ano passado, o governador defendeu a privatização dizendo que o Estado ‘tem de concentrar os esforços naquilo que é importante’. Para nós, o Maraca é um templo sagrado, e nossa identidade cultural é de extrema importância e não tem preço.”
 SERVIÇO
ATO DA CAMPANHA O MARACA É NOSSO!
Domingo, 3 de junho, na praia de Ipanema
Concentração às 14h em frente ao Posto 9

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